segunda-feira, 5 de maio de 2008

TrIsTeZa...

A Tristeza pinta o meu rosto, beija a minha boca.
Abraça-me e dança comigo nos salões do Medo,
enredando-me nos seus olhos e apertando-me no
abraço terno e depressivo.

Sinto o meu coração negro, pesado, pesado demais para
mim.

Dou-me a ela.
Eu sou dela e ela é minha e, neste abraço, quero morrer, sufocada pelo seu corpo, acalmada pela sua voz (ilusivamente consoladora), cegada pelo seu oásis de mentiras.

Quero os teus lábios, ó minha Tristeza, para que possa
sentir mais uma vez o suave beijo, deleitar-me com o
inacabado pranto e desfalecer-me na repentina amargura...

Mas, o imponente cavaleiro, chamado Medo, espera-me no
fim do seu salão.

Tristeza, minha tão fiel companheira, leva-me a ele e despede-se, abdicando da minha alma, deixando-me nos braços do meu mais novo carrasco.

Sim...

Cavalgamos horas e horas por entre bosques de Ilusões, campos de Ódio e palácios de Decepções. Medo, meu cavaleiro, conduz-me perfeitamente. Cavalgamos, cavalgamos e cavalgamos até chegarmos a ela, minha bem-amada, minha perfeita criatura.

Ela, rascunho de meu ser, meu mais novo reflexo.

A doce Tristeza e o frio Medo conduziram-me a ela, a estranha dama conhecida como Loucura.

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