A Tristeza pinta o meu rosto, beija a minha boca.
Abraça-me e dança comigo nos salões do Medo,
enredando-me nos seus olhos e apertando-me no
abraço terno e depressivo.
Sinto o meu coração negro, pesado, pesado demais para
mim.
Dou-me a ela.
Eu sou dela e ela é minha e, neste abraço, quero morrer, sufocada pelo seu corpo, acalmada pela sua voz (ilusivamente consoladora), cegada pelo seu oásis de mentiras.
Quero os teus lábios, ó minha Tristeza, para que possa
sentir mais uma vez o suave beijo, deleitar-me com o
inacabado pranto e desfalecer-me na repentina amargura...
Mas, o imponente cavaleiro, chamado Medo, espera-me no
fim do seu salão.
Tristeza, minha tão fiel companheira, leva-me a ele e despede-se, abdicando da minha alma, deixando-me nos braços do meu mais novo carrasco.
Sim...
Cavalgamos horas e horas por entre bosques de Ilusões, campos de Ódio e palácios de Decepções. Medo, meu cavaleiro, conduz-me perfeitamente. Cavalgamos, cavalgamos e cavalgamos até chegarmos a ela, minha bem-amada, minha perfeita criatura.
Ela, rascunho de meu ser, meu mais novo reflexo.
A doce Tristeza e o frio Medo conduziram-me a ela, a estranha dama conhecida como Loucura.
Sem comentários:
Enviar um comentário